As recompensas extrínsecas destroem a motivação

As pessoas são motivadas intrínsecamente, as recompensas extrínsecas é que destroem a motivação 

Os seres humanos são dotados, por default, de motivação intrínseca 

As crianças possuem uma enorme abnegação para perseguir pequenos objetivos. Brincam com enorme curiosidade e analisam sensorialmente tudo o que é possível numa tentativa de compreenderem o mundo. Elas são fortemente motivadas intrinsecamente.

No entanto, os anos passam, as crianças crescem e a sua urgência para procurar desafios e novidades, decresce. Pouco a pouco, vão perdendo o interesse e deixam de estimular as suas habilidades. O que lhes aconteceu?

Um mundo repleto de recompensas e motivações extrínsecas

A motivação intrínseca é perdida à medida que vamos sendo confrontados com um mundo em que, praticamente tudo, depende de recompensas extrínsecas.

Quando alguém é pago para fazer algo, não o volta a fazer sem uma recompensa extrínseca

Num jardim de infância foi pedido às crianças que fizessem um desenho. A um grupo de crianças foi prometido um certificado assim que completassem o desenho e ao outro grupo de crianças, não. Quando foi novamente solicitado aos dois grupos para fazerem um desenho – sem qualquer recompensa -, as crianças que tinham recebido o certificado, ao contrário das restantes, não quiseram voltar a desenhar.

A recompensa extrínseca prometida destruiu-lhes a motivação intrínseca. Aprenderam a desenhar apenas para serem recompensadas. A utilização deste tipo recompensa, também chamado de ‘recompensa condicional’ ou de ‘se… então’ (se fizeres isto, então dou-te aquilo), erradica gradualmente a motivação da pessoa mais motivada intrinsecamente.

Perder a  motivação é uma aprendizagem

Como as crianças, também nós somos movidos pelo desejo intrínseco de aprender, descobrir e ajudar os outros. No entanto, à medida que vamos crescendo, somos programados (e ensinados) pela sociedade para necessitarmos de motivações extrínsecas. Se deitarmos fora o lixo, se estudarmos muito ou se trabalharmos intensamente, então seremos recompensados com um elogio, uma prenda dos nossos pais ou um ótimo salário. Lentamente, vamos perdendo a nossa motivação intrínseca, até a drenarmos.

Salários sem ‘se’ fomentam a motivação

As pessoas merecem ser devidamente recompensadas, não por terem um emprego, mas sim, porque a sua atividade, a sua produtividade, o seu desempenho e a sua dedicação acrescentam valor. Uma boa forma de manter as pessoas motivadas é retribuindo-as condignamente com uma remuneração anual fixa que as satisfaça. No entanto, como a maior parte dos estudos tem demonstrado, a remuneração está longe de ser  a maior causa de desmotivação das pessoas. A principal está relacionada com a falta de capacidade de liderança das chefias. É aqui que as organizações têm que focar a sua atenção.

Marco Meireles

 

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