Pessoas com maior capacidade emocional são mais performantes e líderes mais eficazes

Apenas há alguns anos, quando se começou a investigar cientificamente o conceito de inteligência emocional é que se percebeu porque é que pessoas com QI’s normais têm 70% mais sucesso do que pessoas com QI’s elevados.

Provavelmente, ainda se recorda que algumas empresas realizavam testes para medir o QI dos candidatos. Hoje sabemos que não fazia sentido nenhum.

Muitos anos de investigação séria acabaram por demonstrar que pessoas com maior capacidade emocional são mais performantes e líderes mais eficazes. Hoje sabe-se que o desenvolvimento da inteligência emocional é crítico para o sucesso do próprio e também dos outros.

Quando estamos num determinado estado emocional, há certas hormonas que nos mantêm submersos nesse estado, o que se revela bastante positivo, pois se formos atacados por um predador, não fará qualquer sentido pensar nos problemas de trabalho, no que vamos fazer para o jantar ou na cotação das ações na bolsa. Enquanto o cérebro se sentir ameaçado, não é possível pedir que nos deixe em paz. As emoções seguem o seu curso natural. Apesar disso, gostaríamos de as alterar ou pelo menos deixarmos de ser reféns delas, pois algumas podem causar-nos problemas ou pelo menos afastar-nos do nosso melhor.

Benefícios da Inteligência Emocional

Uma das melhores definições de Inteligência Emocional que encontrei é de Peter Solovey e John D. Mayer: “Inteligência Emocional é a capacidade de monitorizar os nossos próprios sentimentos e emoções, bem como os dos outros, distingui-los e utilizar essa informação para orientar o pensamento e as ações.”

A inteligência emocional afeta a forma como gerimos o comportamento, como navegamos na complexidade social e como tomamos decisões. Isto acontece porque impacta diretamente seis grandes dimensões humanas: autoconsciência; consciência social, flexibilidade, autogestão, gestão de relacionamentos, tomada de decisão.

AUTOCONSCIÊNCIA

. Consciência emocional

. Autoavaliação objetiva

.  Autoconhecimento

. Assertividade

. Autorrealização

CONSCIÊNCIA SOCIAL.

. Empatia

. Compreensão dos outros

. Desenvolvimento dos outros

. Orientação para servir

. Vantagem da diversidade

FLEXIBILIDADE

. Compromisso

. Iniciativa

. Otimismo

. Adaptabilidade

. Inovação

. Tolerância ao stress

 

AUTO-GESTÃO

. Autocontrolo

. Confiabilidade

. Consciência

. Autoconfiança

. Confiança nos outros

HABILIDADES RELACIONAMENTO

. Relações interpessoais

. Comunicação

. Gestão de conflitos

. Colaboração e cooperação

. Construção de laços

. Trabalho em equipa

TOMADA DE DECISÃO

. Resolução de problemas

. Antecipação de cenários

. Controlo da impulsividade

. Facilitação Emocional do Pensamento

. Reflexão emocional

. Pensamento crítico

 

Rapidamente se depreende daqui o que a Inteligência Emocional pode fazer por quem a desenvolve:

. Liderança efetiva e inspiradora;

. Desempenho profissional excelente;

. Relações extraordinárias;

. Paz, tranquilidade, bem-estar e satisfação com a vida.

Outros efeitos decorrentes do aumento da Inteligência Emocional

Aumentar a Inteligência Emocional tem efeitos secundários: resiliência, otimismo e felicidade. Acredito que a felicidade, apesar de ser uma consequência, é mesmo um dos aspectos mais relevantes do desenvolvimento da Inteligência Emocional. Segundo Matthieu Ricard, monge budista e o homem mais feliz do mundo, pelo menos avaliado pela ciência, a felicidade é ‘uma profunda sensação de florescimento que emerge de uma mente excepcionalmente saudável. Não se limita a uma sensação agradável, a uma emoção passageira ou a um estado de espírito, é um estado ideal de ser, um equilíbrio emocional profundo decorrente de uma compreensão subtil do funcionamento da mente.’

Quando a ciência se interessou por esta área, neurocientistas das mais diversas universidades do mundo analisaram os cérebros das pessoas que demonstravam maior inteligência emocional. Pensava-se que se iriam encontrar imagens de cérebros altamente relaxados. Errado. As pessoas com níveis mais elevados de Inteligência Emocional apresentavam cérebros totalmente concentrados. Pode haver, claro, alguma predisposição genética para um cérebro se desenvolver assim, mas, a realidade é que através da prática é possível torná-lo assim.

O sucesso

De que forma a inteligência emocional impacta o sucesso profissional? De todas as formas e feitios.

Ao focarmos a energia numa direção específica, o resultado acaba por ser incrível. Um estudo recente testou a Inteligência Emocional e trinta e três outras importantes competências profissionais. Os resultados foram esclarecedores: a Inteligência Emocional demonstrou ser o maior preditor de sucesso, explicando um total de 58% casos em todos os tipos de empregos.

A inteligência emocional é o suporte de toda uma série de competências críticas e impacta, literalmente, tudo o que fazemos e dizemos diariamente, como é possível verificar no quadro acima.

O mesmo estudo revelou que 90% dos Top Performers têm níveis de Inteligência Emocional acima da média. Até é possível alguém tornar-se num Top Performer com baixa inteligência emocional, mas como já foi demonstrado, as possibilidades são mesmo muito escassas.

Este mesmo estudo revelou, naturalmente, que as pessoas com um nível superior de Inteligência Emocional em funções de management ganham muito mais dinheiro do que as restantes – em média $25.000,00 anualmente. A relação entre o salário e a inteligência emocional é tão direta que cada ponto percentual a mais de Inteligência Emocional equivale a um acréscimo de $1000,00 anualmente. Estes resultados são válidos para todas as indústrias e em qualquer região. Até hoje ainda não foi estudada uma única profissão em que a relação entre a Inteligência Emocional e o salário não fosse efetiva.

Como se explica a inteligência emocional

A Inteligência Emocional deriva da comunicação entre o córtex pré-frontal e o sistema límbico do cérebro, ou seja, da comunicação entre o cérebro racional e o cérebro emocional. A informação que é captada pelos sentidos viaja rapidamente para a área pré-frontal do cérebro para que possamos pensar racionalmente sobre a experiência. No entanto, viaja ainda mais rápido para o sistema límbico, a central das emoções. É por esta razão que reagimos emocionalmente, antes de agirmos conscientemente. Quanto mais efetiva for a comunicação nos dois sentidos (entre o centro racional e o centro emocional do cérebro), maior será o nível de Inteligência Emocional.

A habilidade do cérebro para se alterar adaptando-se à experiência é denominada de neuroplasticidade. É este fenómeno que permite que à medida que descobrimos e praticamos novas competências de Inteligência Emocional, milhões de neurónios que ligam os centros emocionais aos racionais, vão alterando as suas ligações para suportarem novas competências e comportamentos. Desta forma, torna-se cada vez mais fácil desenvolver novos comportamentos no futuro independentemente dos estímulos.

À medida que praticamos novos comportamentos e competências, o cérebro vai construindo os caminhos neurais necessários para criar hábitos. Em algum tempo, comportamentos emocionalmente inteligentes emergirão, sem qualquer esforço consciente. E o melhor é que enquanto reforça as conexões neurais dos novos comportamentos, está a destruir as antigas.

Pode encontrar protocolos para desenvolver a Inteligência Emocional no curso Live UP, a primeira parte do programa aberto de Liderança do Marco Meireles.

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