UM SENTIDO PARA A VIDA

“Os homens perdem a saúde para ganhar dinheiro, depois perdem dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente e acabam por não viver nem o presente nem o futuro. Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se nunca tivessem vivido.” Dalai Lama

Viver e agir de acordo com um propósito, dando um sentido à vida, tem inúmeros benefícios demonstrados. Esforçarmo-nos para progredir em direção aos nossos objetivos de vida fornece uma poderosa, significativa e renovável fonte de compromisso e significado. Motiva as pessoas a dedicarem recursos em direções particulares e para determinados objetivos, em detrimento de outros menos significativos.

Investigação sobre o sentido da vida dos jovens

Um grupo de psicólogos investigou a busca do sentido da vida nos jovens. Perguntaram a licenciados da universidade de Rochester qual o seu principal objetivo na vida. Enquanto alguns apresentaram objetivos extrínsecos relacionados com fama, poder e riqueza, outros apresentaram objetivos intrínsecos, bem mais profundos, como desenvolverem-se pessoalmente ou profissionalmente ou ajudarem os outros, por exemplo, ao trabalharem para empresas que impactam positivamente o mundo ou em organizações de ajuda aos mais necessitados.

O foco em recompensas condicionais retira o bem-estar e aumenta a propensão para se sofrer de ansiedade e de depressão

Anos mais tarde, os investigadores entrevistaram os mesmos participantes para perceberem como se tinham saído na vida fora da universidade. Os estudantes com objetivos relacionados com poder, dinheiro ou fama não estavam mais satisfeitos do que no tempo da universidade, mesmo aqueles que tinham atingido posições de destaque na sociedade ou em grandes empresas. Pelo contrário: sofreram de depressão e de ansiedade muito mais frequentemente do que os  restantes participantes no estudo. Os estudantes que tinham definido objetivos intrínsecos, para além terem obtido níveis de sucesso exterior idênticos aos do primeiro grupo, conseguiram experienciar maior felicidade e bem-estar na vida e, muito raramente, sofreram de doenças psicológicas.

O dinheiro não dá sentido à vida 

Ter um objetivo maior do que nós e que vá para além do momento presente é infinitamente mais motivador e ativador do que o dinheiro alguma vez poderá ser.

Num estudo com 1000 participantes americanos, realizado em 2010, pelos investigadores Daniel Kahneman e Angus Deaton da Universidade de Princeton, foi demonstrado que o dinheiro apenas impacta o bem-estar até as pessoas suprirem as suas necessidades básicas e garantirem um conforto mínimo para si e para as suas famílias. A partir daí, a deixa de haver uma relação significativa entre o aumento do salário e a satisfação. Elucidativo.

A chave: procurar mudar algo em si ou no mundo

Esforçarmo-nos para mudar algo em nós ou no mundo é um impulso muito mais satisfatório e saudável do que nos esforçarmos para aumentar a conta bancária. Não é de estranhar que o numero de pessoas envolvidas em causas sociais e atividades voluntárias não remuneradas, não pare de crescer.

Quem tem um sentido para a vida vive mais tempo

Num estudo de Oman, Thoresen, & McMahon, foi demonstrado que os voluntários têm uma taxa de mortalidade 60% mais baixa do que os não voluntários. Pessoas envolvidas em ajuda social vivem mais tempo. Pessoas hipertensas que possuem animais têm em média a tensão arterial mais baixa e uma vida mais longa do que quem não possui animais. Religiosos praticantes têm uma esperança média de vida superior relativamente a pessoas não praticantes ou praticantes pouco frequentes. Estas descobertas que têm a longevidade como aspecto central, apontam para um elemento comum: o propósito. Estas pessoas têm algo que dá sentido às suas vidas. Algo a que se dedicam e que faz a vida valer a pena.

O envolvimento empresarial em causas sociais e em voluntariado compensa a todos os níveis

Estudos posteriores ao da Universidade de Rochester revelaram que o bem-estar dos profissionais é superior em empresas que investem uma proporção do budget e das horas de trabalho em caridade. Revelaram também que a motivação e o compromisso aumentam quando as empresas apresentam um propósito nobre e a sua atividade impacta positivamente a sociedade e o mundo.

O tempo e o esforço que as pessoas colocam em causas sociais e em outras atividades significativas, é-lhes devolvido, numa proporção muito superior, em satisfação, bem-estar, saúde e poder pessoal. Este é o melhor investimento que alguém pode fazer.

Marco Meireles